sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Doação e Maldade, O Paradoxo da Crença Sem Razão.


 
Neste tópico vou descrever uma situação que testemunhei. Algo absurdo mas real. Todos nós temos a liberdade religiosa. Podemos acreditar naquilo que nos convence que seja o melhor caminho a seguir, que nos traz a satisfação dentro da crença.

No dia 28 de setembro de 2010 foi realizado, no Terreiro Caboclo Pena Azul, uma das mais tradicionais festas de nossa religião, a festa de Cosme, Damião e Doum. Como todos sabem, é de tradição colocar doces diversos em saquinhos com o intuito de presentear as crianças.

Dois dias após a festa eu e minha esposa nos dirigimos até uma creche para crianças carentes. Levamos duas grandes caixas de saquinhos de doces para presentear as crianças. Chegando à creche, perguntei para uma das funcionárias se aceitavam os doces da festa de Cosme, ela por sua vez respondeu que sim, sem pestanejar. Então peguei uma das caixas e levei até o piso superior. Quando desci para pegar a outra caixa, percebi certa discussão entre minha esposa e uma mulher que se encontrava sentada próximo à porta que passei. Subi com a outra caixa, quando retornei, a discussão continuava, então chamei minha esposa para se dirigir ao piso superior para ver as crianças, que estavam se alimentando naquela hora. A responsável por elas ficou muito grata com a doação, pois conhece suas necessidades.

Quando estávamos nos retirando, minha esposa falou para aquela que estava discutindo à pouco, que deveria rezar mais.

Chegando ao carro, ela me contou o que havia ocorrido. Quando levei os doces até o piso superior da creche, essa mulher, citada acima, disse a seguinte frase:

            ― Não dá paras as crianças não. Joguem fora, é de macumba, é maldade!

Minha esposa é um pouco estourada e se manifestou contra o comentário. Disse que era umbandista, e as fábricas cujos doces eram vendidos para os umbandistas, eram as mesmas que vendiam para os adeptos das outras religiões, inclusive a dela.

A certeza sobre os segredos da vida não existe, pelo menos ainda. Portanto podemos acreditar naquilo que achamos mais ponderável. Acho um completo absurdo algumas pessoas (MUITAS) pré conceituarem que os adeptos da umbanda ou candomblé são praticantes de maldades. Mas quem segue o caminho da nossa religião conhece a dedicação para ajudar a todos aqueles que buscam ajuda, seja o problema que for, sem criticas.

Ainda podemos notar a falta de bom senso, a falta de opinião fundamentada no intelecto. Pois é completamente ilógico o ato de doar doces para crianças carentes ser algo maldoso. É irracional!
Agora teve ser muito bem percebido o fato de que não é a religião, seja ela qual for, que pratica a maldade. A maldade provém de desejos e atitudes pessoais, que às vezes se esconde atrás da religião, que não tem nada a ver com isso, para conseguir uma desculpa pelos seus atos. Por isso temos padres, pastores e pais de santo que aproveitam de seus cargos para enganar ou molestar os adeptos. Mas isso não significa que a religião é maldosa, e sim o indivíduo.

Já vimos muitos casos de pessoas que enfiaram agulhas em crianças, e a desculpa são vozes ou práticas da tão falada magia negra. Sejamos verdadeiros, o problema não é magia alguma, mas sim a maldade e o desejo do indivíduo. Assim como padres pedófilos ou pastores aproveitadores. Não é a religião, é o indivíduo.
Onde vai chegar o preconceito religioso? Será que é muito complicado pedir para que qualquer adepto coloque sua consciência acima de sua crença? Será que a religião que eu sigo já traz o conceito de quem eu sou?

Devemos lutar contra o entorpecimento da mente humana, colocando nossa consciência acima da crença absoluta em uma pessoa que instiga a diferenciação entre os seres humanos e suas formas de crenças.
É por colocar a crença acima de sua razão, que alguns adeptos se vestem com explosivos e tiram além de sua vida, a vida de outrem em nome de Deus. Com a promessa de ter um bom lugar após a morte.

Sejamos racionais, é maldade doar doces para crianças carentes, ou descriminar um ser humano por seguir uma religião diferente da sua? É maldade realizar uma festa para aproximar de nossos caminhos a essência da criança, a essência de aproveitar a vida de uma forma inocente, ou invadir terreiros e quebrar instrumentos que são tão importantes para aquela comunidade religiosa?

Até quando vamos ser pré julgados simplesmente por seguir aquilo que gostamos de seguir, sem importunar ninguém. A maldade não está em terreiros, igrejas ou templos, está no coração do indivíduo, por isso existem os assassinatos, agressões, estupros e demais outros. E não é a religião que é responsável por isso.
Mas uma coisa é verdade, se não temos nem a liberdade de realizar doações sem sermos importunados, fica extremamente complicado.

Porém temos fé, muita fé. Fé sem a necessidade de julgar outrem. Porque não alimentamos nossa fé sobre o fundamento de que necessitamos porque outros realizam maldades. Somos capazes de enxergar que todos possuem sentimentos e sentimos de uma mesma forma, somos todos iguais. Não importa a crença, isso nunca mudará, pode acreditar no que quiser, mas sempre seremos iguais.
Todas as religiões são maravilhosas, mas a certeza sobre a vida e morte ninguém possui.

Axé a todos!


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Religião Destrutiva



Hoje vou falar de um assunto que deve ter a atenção de todos, algo que prejudica em demasia a vida de muitos adeptos e simpatizantes. É evidente que em todas as formas de cultos religiosos existem alguns adeptos que deturpam completamente o fundamento religioso. É claro que não vou me ater a outras religiões mas sim a de matriz africana. Dentre muitos tipos de deturpações dentro do nosso meio religioso, o mais preocupante, em minha visão, é o ego do médium. Esse ego traz conseqüências muitas vezes sérias na vida dos adeptos, isso porque o médium se preocupa tanto em falar e acertar situações da vida de outros, que fazem de sua própria imaginação o fundamento intuitivo. Assim as informações que o “ouvinte” recebe muitas vezes são equivocas e não condiz com a realidade. O grande problema é que essa “informação” traz um transtorno enorme na vida do “ouvinte”, transformando suas ações tão equívocas quanto a “informação”.
Para um maior entendimento sobre o assunto abordado, darei um exemplo em uma situação suposta:

Um simpatizante vai consultar uma entidade devido a problemas que vem enfrentando em sua relação amorosa. Acaba consultando com uma entidade de um médium não equilibrado espiritualmente, porque este busca incessantemente falar e acertar situações da vida do consulente e se desliga no que mais importa, a conexão espiritual. Nessa situação é comum que a intuição parta de sua própria imaginação, muitas vezes embasada em informações preliminares. Conforme o consulente vai se envolvendo na conversa, surge a terrível notícia, seu parceiro está se relacionando com outra pessoa! Isso vai trazer conseqüências ruins, afetando drasticamente o equilíbrio do consulente. Além de desequilibrar o estado geral da pessoa, ainda pode trazer conseqüências distintas conforme a personalidade desta, se manifestando, então, uma ação destrutiva.

Essa situação exposta vai contra os próprios princípios da religião. Ainda que a especulação seja verdadeira, existem outras formas de encaminhar o consulente à uma situação que traga o verdadeiro equilíbrio em sua vida. Esse equilíbrio é o que a verdadeira religião pode produzir e você pode encontrá-la em diversos terreiros sérios espalhados pelo Brasil. Nessas casas você poderá contar com lideres que não estão preocupados em dar fundamento em suas necessidades pessoais e sim dar fundamento à vida da comunidade.

Deve ficar claro que o exemplo citado nada tem a ver com a religião e sim com uma necessidade pessoal. Nossa religião é maravilhosa, possui capacidade de produzir o equilíbrio espiritual, mental, físico e moral. A única coisa que devemos nos ater é separar o joio, do trigo.

Dentro da própria comunidade religiosa deve ser percebido que muitas vezes o médium que produz a situação de transtorno que descrevi acima, na verdade, não se trata de uma má pessoa mas simplesmente foi encaminhado erroneamente em sua vida religiosa, e conseqüentemente irá encaminhar outros. Os grandes lideres de comunidades dos terreiros sérios possuem capacidade de transformar os conceitos deturpados de determinados médiuns em conceitos fundamentado na verdade da religião de matriz africana. E como lideres, também faz parte de sua responsabilidade.

Após expor a situação acima podemos concluir que a religião não é destrutiva e sim o Ego pessoal que pode ser destrutivo até mesmo para a Religião.

Pensem nisso.

Axé!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Conscientização! Sem folha! Sem Orixá!


Na atualidade o foco de preocupação comum tem sido o meio ambiente. E não é pra menos, estamos vendo muitos fatos que mostram a subjugação da natureza pelo ser humano. Um dos grandes fatores dessa subjugação é o destino da imensa produção de lixo do nosso dia a dia.


Vemos muitas matérias na mídia sobre o assunto, porém não tanto quanto deveria. O grande problema é que a intensidade da poluição causada por grandes quantidades de lixo é tamanha, que não necessitamos dessa mídia para mostrar-nos como está a situação. Isso porque basta colocarmos os pés na rua, quando passamos por rios e córregos, nos deparamos com uma situação lastimável, pela quantidade de todo o tipo de lixo que ali se encontram. Outra situação é quando vamos à praia, temos que desviar do lixo quando andamos e tomar cuidado para não pisar em algo dentro da água. Grandes conhecedores da quantidade de lixo nos mares são os mergulhadores, se tiverem oportunidade pergunte a eles.




Nas matas não é muito diferente, além dos lixos prejudicarem e machucarem os animais, ainda causam queimadas.


Esse recado é mesmo para o povo do santo. Nós também temos que nos conscientizar. Seria algo completamente sem nexo não nos atermos à questão do meio ambiente sendo que o de mais importante que cultuamos é a Natureza.




Algumas pequenas mudanças podem ajudar a entrarmos em perfeita sintonia com a mesma. Deixe de jogar no mar as garrafas de champanhes nas entregas. Não acenda velas nos pés de árvores ou plantas. Deixe de usar artigos de louça ou porcelana, dê preferência para folhas de bananeira ou mamona por exemplo. Não utilize copos de vidro ou mesmo de plástico, e sim as cuias feitas de coco.


Enfim, tudo o que for causar um grande impacto na natureza, tire de sua lista. Não achem que com essas atitudes vai se perder algum fundamento, muito pelo contrário, trará mais fundamento para o que estiver realizando. Afinal como diz um velho ditado muito conhecido pelo povo do santo:
“Sem água, sem folha. Sem Orixá!”
E sem água, sem folha, sem Orixá! Sem ser humano! Porque seria uma grande estupidez acharmos que nossa existência possui valor maior do que qualquer outra no mundo. Seria muita estupidez pensarmos que podemos separar nossas vidas da natureza. Tudo o que utilizamos provém dela mas a natureza não precisa de nada do que produzimos.




Vamos cuidar dessa nossa Grande Mãe, afinal viemos dela, pertencemos e retornaremos a ela!
Axé!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Decepção



Decepção, quem de nós desconhece o significado dessa palavra? Palavra que muitas vezes nos traz lembranças que nos força uma tentativa inútil de obrigar a falha de nossa memória.

Claro que todos nós sabemos muito bem o gosto dessa palavra, sabemos todo o seu significado feroz contra nossos corações. Porém não nos traz somente lembranças sofríveis e arrependimentos.

A Decepção é algo muito mais valoroso do que gostaríamos, é algo imprescindível para trilharmos nosso caminho e ainda adquirir a sapiência necessária para nossas vidas e para as vidas daqueles que são nossos.

A Decepção é como uma tempestade que assola nossos corações, destrói nossas fortalezas e principalmente mata todo o conceito de sabedoria que achávamos que tivéssemos. Mas depois que essa tempestade passa, podemos nos reconstruir e não de forma simplória mas nos capacitando para a construção de algo muito mais firme, real, verdadeiro, equilibrado e valoroso.

A morte daquilo que era um sonho nos esmaga internamente mas traz a oportunidade de vivermos e construirmos a verdade. Porque da verdade também se vive.

Essa Decepção tão maldosa se torna uma mãe que nos mostra o melhor caminho para nossas vidas, sem mentiras, ajuda a crescermos para sermos extremamente grandiosos, um crescimento que jamais alcançaríamos sem ela. Portanto vamos viver cada sentimento que o mundo nos proporciona, pois se só colhêssemos a felicidade, não adquiríamos a capacidade de nos proteger, de evoluir nosso caminho, de aconselharmos aqueles que amamos e nem de viver nesse mundo. Viva, seja sentimentos que nos traz felicidades ou tristezas, Viva todos eles.

A Decepção pode até ser perigosa mas a falta dela em nossas vidas é catastrófica.

Axé!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Orixá Nanã



            Considerada por muitos a Orixá mais velha, é chamada carinhosamente de avó. Isso porque Nanã é a Orixá que representa a Ancestralidade, porém uma ancestralidade relacionada à base para a descendência. Fica muito evidente esse título quando citamos que seu elemento considerado é a lama. 

Dentro da crença das religiões de matriz africana o ser humano foi criado a partir da lama, portanto quando este morre, deve-se entregar novamente à terra, como se devolvesse o instrumento para a natureza. Assim Nanã recebe esse corpo e transforma-o para sua reintegração.

 Nanã

Como Nanã representa a ancestralidade e a base para a reintegração e a descendência, também está diretamente ligada aos antigos conhecimentos, conhecimentos que trazem tanto resoluções de problemas de saúde, com aplicação e conhecimento de ervas, quanto à conservação das manifestações religiosas.

Ainda representando a base na antiguidade, nossa Orixá não aceita elementos de metais, já que os metais representam a evolução relacionado à modernidade. Tornando assim os metais, sua proibição.

 Podemos notar essa relação em um Itan que conta que Ogum queria passar pelos domínios de Nanã, que se opôs. Assim começou uma batalha que Ogum venceu, ferindo a Orixá com a espada. Na lembrança da derrota, Nanã proibiu o uso de metais em seus cultos.

O símbolo que Nanã carrega é chamado de Ibiri. O Ibiri é um cetro sagrado que representa todo o sentido de Nanã, representa a ancestralidade dando a base à descendência, como se fosse o cuidado do ancestral com o descendente. Também é o revolver da terra, da lama, representando a transformação com a reintegração à natureza.
 
Ibiri

Nossa querida avó é considerada mãe de Omolu, Oxumare, Yewa e Iroco, isso porque pertence ao mesmo panteão desses Orixás, oriunda do povo fon, onde as divindades são chamadas de Voduns. Esses Orixás possuem algumas características similares entre si, assim sendo representado como uma ligação familiar.

Com relação aos Odus, Nanã está ligado a Oyeku Mejí, ou em outro sistema chamado de Ejiologbon, onde também encontramos Obaluayê.

Sua cor é o Roxo ou lilás, seu dia de comemoração é 26 de julho devido ao sincretismo com “Sant´ana”.


Sua saudação é: Salúba Nanã!!!

Que nossa querida Orixá Nanã nos conceda a base para termos uma boa vida no Aiyê e que possamos estender isso aos nossos descendentes.

Axé!!!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Novidade

Olá meus queridos leitores, estou a algum tempo sem postar. Mas isso porque estou trabalhando em uma grande novidade para vocês. Esperem que logo logo vão saber do que se trata.

Não deixe de acessar o blog. Tenho certeza que vocês vão gostar.

Um grande Axé para todos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Orixá Yewa.

Yewa acabou se tornando uma Orixá pouco cultuada em sua verdadeira essência. Isso porque o verdadeiro conhecimento sobre a mesma foi se perdendo com os antigos.

Trata-se de uma Orixá bastante complexa devido a sua própria representação. Yewa rege antes de qualquer coisa a “Integridade”, seja em qualquer forma, na questão sexual, em princípios, honra, etc. Devido a essa essência, essa bela Orixá é considerada protetora das mulheres virgens. Em alguns Itans é citado justamente o desinteresse que Yewa tem pelo sexo oposto, pela relação sexual em si.

Apesar disso outros Itans contam da relação que nossa bela Orixá teve com Orunmila e assim é explicado outra regência sua que é a “Vidência”. Porém junto com a Vidência Yewa rege a Ilusão, uma grande capacidade de iludir, envolver em mágica. Por isso traz consigo um símbolo chamado de “Adô”, esse Adô é uma cabaça contendo pós mágicos.

ILUSÃO

Com relação à Ilusão, pode ser encontrado Itans que se referem a uma passagem em que Yewa manteve Orunmila sobre seu feitiço, fazendo o grande Orixá enxergar Yewa diferente do que ela realmente era.

Outros símbolos da Orixá é o Ofá e a Adaga, aqui com um significado bem simples que é a capacidade de prover meios de alcançarmos aquilo que necessitamos, mas também identifica a inconstância de Yewa. Ora sendo doce, ora arredia.

Já ia esquecendo, assim como Oxumare traz o símbolo da cobra. Com grande contato com a terra.

Outros Itans contam que Yewa é a Orixá responsável por encaminhar o egum recentemente morto, desvencilhando-o da matéria, assim entrega o corpo de volta para a terra. Claro que com isso se faz referência de Yewa com cemitérios.

As diversas questões referente a Yewa traz um complexidade muito grande, talvez por causa dessa complexidade que o conhecimento a respeito dessa Orixá foi se perdendo, mas é claro que o fato de ter se perdido não significa que Ela não exista. Portando deve ser cultuada e deve-se buscar o conhecimento sobre Yewa. Quero lembrar a todos os leitores que as essências dos Orixás são algo que existem de fato em nosso mundo, existem de fato na natureza, alguns podem chamar de nomes distintos, mas existem e mesmo que seja esquecido nunca deixam de existir, nós é que deixamos de observar.

E para os próprios Babalorixás, tomem cuidado com Yewa porque ela rege a Ilusão e costuma iludir principalmente os Babalorixás, mostrando-se como outra Orixá e escondendo sua verdadeira essência, ou por outro lado mostrando a ilusão, é bem paradoxo, bem complexo.

Claro que por se tratar de um simples tópico não tem como eu explicar a fundo os Orixás, mas pra quem quer conhecer e se iniciar na religião, pode entrar em contato.

Saravá Yewa! Riró Yewa!



A cor de Yewa como ela mesma traz controvérsias, pode ser coral, vermelha intensa e até rosa. O importante é mostrar a evolução.



Que a Bela Orixá possa nos mostrar o caminho para a Evolução, nos ajudando a manter nossa integridade, nossa honra, nossos verdadeiros valores.



Obrigado Yewa!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Itan Olhos e Cabeça

Esse Itan é muito interessante, e compartilharei com vocês hoje. Depois, claro farei uma pequena análise como de costume.




Certo dia, Olorum encheu uma cabaça com carne de carneiro e embrulhou num belo pano de seda. Em uma segunda cabaça, Olorum colocou ouro, prata e pedras preciosas embrulhando em panos comuns e de aparência desgastada.



Logo depois, o grande criador de todas as coisas, chamou seus filhos Olhos e Cabeça, para que cada um escolhesse uma cabaça para si.

Olhos, se deparando com a beleza e ostentação do pano de seda, foi correndo escolher a primeira cabaça, deixando a segunda para seu irmão.

Desembrulhando a cabaça, Olhos se deparou com a apetitosa carne de carneiro. Logo chamou alguns amigos e se deliciou com a guloseima.

Ao desembrulhar a cabaça que restou, Cabeça perguntou decepcionado: “O que vou fazer com essas coisas que não posso comer? Mas como foi meu amado Pai que me concedeu, guardarei com extremo carinho!

Passando alguns dias, Cabeça foi apreciar o que o Pai tinha concedido a ele, nessa hora foi que percebeu o quanto era valioso o presente que recebera. Concluindo o quanto a sua cabaça era mais valiosa do que a do seu irmão Olhos.



Logo, Olorum chamou seus filhos à sua presença novamente e lhes perguntou o que encontraram em suas cabaças.

Olhos foi logo respondendo que encontrara um bom pedaço de uma carne muito saborosa, que consumiu em segundos.

Então Cabeça tomou a palavra e disse que encontrara tudo o que representava a riqueza no mundo e agradeceu profundamente a Olorum.

Assim Olorum sentenciou: “Olhos, a tua visão te atrapalha! Tu enxergas sem ver! És enganado pelo seu próprio dom. Cabeça, tu consegues escolher o melhor mesmo o que aparenta não ser. Tendo assim a capacidade de ver aquilo que Olhos não consegue. Portanto, a partir de hoje, Cabeça tomará todas as decisões, pois não se engana com as aparências.”





A análise desse Itan é muito simples, sendo muito fácil notar que se trata da importância que o raciocínio, o equilíbrio e o discernimento possui sobre a impulsividade, o desejo e a ostentação.

O Itan fala de equilíbrio, para que em nossos caminhos não escolhermos aquilo que queremos por impulsividade ou por ostentação e sim analisarmos muito bem a situação e escolhermos o que é melhor para nós. Também cita que aquilo escolhido por impulsividade tem um aproveitamento extremamente passageiro, se extinguindo muito rápido. Já a escolha pelo discernimento traz um aproveitamento duradouro.

E muito fácil de notar que fala sobre o domínio da cabeça, porque é a cabeça que decide e não os olhos. Ori(cabeça) é o que temos de mais importante.

quinta-feira, 11 de março de 2010

A Fé Cega!!!


Neste tópico vou abordar rapidamente um assunto bastante complicado, se é que isso é possível. Estou falando sobre a fé cega, que está muito presente na religião seja ela qual for. Essa Fé Cega consiste basicamente na crença sem fundamentos e explicações contando somente com a aceitação.


A verdade é que a maioria dos adeptos das religiões simplesmente aceita e acredita em tudo o que os lideres religiosos dizem, sem que aja a contestação e discussão sobre os fundamentos dessas crenças.

Sou absolutamente contra a crença sem a discussão de idéias. Quando discutimos e contestamos, podemos formar uma idéia melhor que as idéias anteriores e assim evoluir nossas crenças tentando nos aproximar mais da verdade.



A Fé Cega nos torna simples marionetes, abjetos sem liberdade de pensamentos, presos à formação de idéias de outras pessoas. Nos torna incapazes de buscar nossa própria evolução.

Tudo o que foi dito no passado deve ser respeitado, porém não podemos viver na estagnação, devemos aprender com os ancestrais e evoluir suas idéias. Devemos separar a cultura da espiritualidade, a cultura deve ser mantida mas a espiritualidade deve ser evoluída. Se isso não for feito as religiões serão sempre as mesmas e ainda pior porque de tudo que foi dito antigamente sempre se perde um pouco com o tempo.

A verdade sempre tem uma boa explicação, o que é duvidoso é sempre imposto ou baseado em idéias sem fundamento.



Algumas explicações sempre são duvidosas como:

Aprendi com os antigos que é assim. - Não que seja errado mas é muito pouco pra assumir como verdade.

Porque é assim. - Uma das piores respostas, provavelmente a própria pessoa não sabe explicar.

Porque está escrito em algum lugar. - Tudo foi escrito por pessoas que formaram suas idéias mas isso não significa que tem fundamento. Não existe livro que você possa Crer Cegamente, tudo que é aceito Cegamente é prejudicial ao adepto.

Porque sempre foi assim. - O fato de sempre ter sido de determinada forma não significa que outra forma seja errada, como também não significa que não podemos melhorá-la.

Tudo isso se trata de uma critica construtivas aos adeptos de todas as religiões. Nenhuma religião é errada porque todas buscam coisas boas para suas vidas, mas se trata de algo um pouco perigoso quando entorpecem a mente humana incapacitando-a de ter a liberdade de pensamentos e formações de idéias próprias.



Tudo o que realmente tem fundamento vai ser muito bem aceito pelos adeptos contanto que, seja ouvido sem preconceito ou sem tendências que queiram levá-los para pensamentos que desejam que seja verdade.

Espero que tenham compreendido tudo o que foi dito. E pensem por si mesmos, discutem e contestem e assim todos poderão formar idéias melhores que as anteriores todos juntos.

Posso ser bem criticado por esse tópico mas algumas verdades vão contra a algumas intenções.



Muito Axé para todos.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Orixá Ogum


O Orixá Ogum é extremamente conhecido pelos simpatizantes da religião, e agora explicarei um pouquinho desse poderoso Orixá.

Ogum é conhecido como O Ferreiro, o conhecedor da manipulação do ferro. Portanto um de seus símbolos é um conjunto de ferramentas. Aqui podemos identificar sua primeira característica, a capacidade de prover a ferramenta para que possamos enfrentar aquilo que está diante de nós. Manipular para termos condições de realizar aquilo que queremos ou necessitamos. Por isso Ogum está muito relacionado ao lado profissional.

O poderoso Orixá também é conhecido como Vencedor de Demandas, trazendo outro símbolo importante que é a espada. Claro que a espada se trata de uma ferramenta, ferramenta para a batalha, identificando também aqui a manipulação do ferro.

Como a espada é a principal ferramenta de Ogum, significa que é um Orixá extremamente ligado à Batalha, batalhas em qualquer sentido.

Sendo assim podemos ver que Ogum traz uma personalidade extremamente difícil de lhe dar, é Orixá que enfrenta tudo e todos em qualquer situação. Muito tempestuoso, viril e até sanguinário. Porém possui uma capacidade enorme de conquista e domínio.

Ferramentas


Costumo citar algo imaginativo para que possam perceber a característica desse Orixá:

Ogum pode estar diante de um adversário muito maior que ele, muito mais forte, muito mais armado. Porém Ele nem liga, a única coisa que importa é ver seu adversário no chão. Claro que se trata de algo imaginativo porém define um pouco da personalidade que esse Orixá traz.

Existem alguns Itans que contam essa tempestuosidade de Ogum. Um deles fala sobre um feiticeiro que tramou contra o Orixá, quando incentivou que habitantes de uma cidade prestassem homenagem a Egum sabendo que Ogum chegaria à cidade. O problema é que para prestar essa homenagem a Egum nenhum cidadão poderia falar. Quando Ogum chegou à cidade nenhum habitante falou com ele, despertando sua ira, e Ogum dizimou quase a cidade inteira matando muitos habitantes. Contarei esse Itan em outra oportunidade.

No Oráculo, Ogum se torna presente em dois principais Odus: Ogundá e Irete.

Sua cor é o Azul escuro, dentro da Umbanda se usa o vermelho, isso devido ao sincretismo. Porém o Azul escuro representa melhor o Orixá, também podemos encontrar a cor verde, mas não gosto muito dessa relação.

Também foi considerado Orixá da agricultura, mas na verdade esse título não pertence a Ogum e sim a Orixá Ocô.

Seu dia para as festividades costuma ser dia 23 de abril.



Que Ogum possa estar ao nosso lado em nossas batalhas. Que nossa batalha seja também a batalha Dele.



Ogunhê!



Axé!!!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Resumo do Itan de Xango e Oxalufon – A Justiça!

Como sempre vou primeiro contar o Itan e depois fazer uma análise rápida.



Oxalufon queria visitar seu grande amigo Xango, foi então até Orunmilá e consultou o oráculo, consultou Ifá. As determinações de Ifá não foram muito boas, revelando a Orunmilá que a viagem de Oxalufon seria trágica. Orunmilá aconselhou que o Grande Orixá não realizasse a empreitada.

Porém Oxalufon não queria desistir, pois a teimosia é uma característica desse Orixá, então pediu ao Babalawo que consultasse Ifá a fim de que surgissem determinações do que fazer para que a viagem não fosse trágica como foi avisado. Então Orunmilá revelou que durante a viagem em hipótese alguma Ele deveria reclamar ou brigar e discutir com qualquer pessoa, não poderia reclamar de nenhuma situação, com a conseqüência de que perderia a vida. Ainda recomendou que levasse 3 trocas de roupas.

Assim partiu Oxalufon em sua empreitada a fim de visitar o reino de Xango. Em determinado momento encontrou um menino, que tentava levantar uma bacia com azeite de oliva até sua cabeça mas não conseguia. Nosso Orixá observando a dificuldade do menino se propôs a ajudá-lo, foi quando virou todo o conteúdo da bacia sobre sua roupa. Lembrando do conselho de Orunmila, mesmo muito irritado, Oxalufon não reclamou do acontecido. Como levava três trocas de roupas, foi se trocar e entregar como ebó a roupa manchada.

Continuando seu caminho encontrou mais duas vezes a mesma situação que passara, caindo sobre si azeite de dendê e depois carvão, porém em nenhuma das vezes reclamou ou brigou. O menino que causara a situação desagradável não era nada menos que Exu, que como sempre maquinava situações para perturbar a mesmice. Vendo que Oxalufon não reclamou em momento algum, perdeu a graça e desistiu de perturbar o Orixá do Branco.

Em fim chegou pelas terras de Xango, quando caminhava pode avistar o cavalo que outrora havia dado a seu amigo. Supondo que o animal havia fugido tratou de dominá-lo para levá-lo de volta ao Rei Xango. Enquanto cavalgava em direção ao reino pode ser avistado pelos guardas que estavam justamente procurando o cavalo. Quanto foi a surpresa de Oxalufon quando pode perceber que os guardas confundiram-no com um ladrão. Nosso querido Orixá foi espancado e preso nas terras de Xango. Isso sem que fizesse uma só reclamação, temendo sua própria vida devido à determinação de Ifá.



Xango nunca soube do acontecido, porém seu reino foi abatido por uma grande fome e doença, dizimando seu povo. Então Xango foi consultar Orunmila, foi consultar Ifá. Assim foi revelado que seu reino cometera uma grande injustiça a alguém muito importante que ainda se encontrava preso. Xango foi até o lugar onde Oxalufon estava, quando reconheceu seu grande amigo em estado deplorável. Então o Grande Rei determinou que Oxalufon fosse libertado. Que preparassem um banho e trouxessem roupas brancas como o algodão.

Então Xango carregou Oxalufon em suas próprias costas e determinou que todo o povo do reino deveria reverenciar o Grande Orixá do Branco. Assim foi desfeita a injustiça e a fome e a doença deixaram o reino.



Análise do Itan:



Esse itan traz características do Orixá Oxalufon, como o equilíbrio de lidar com situações muito complicadas sem causar qualquer confronto prejudicial. Isso é mostrado ao contar que esse Orixá não poderia reclamar dos acontecimentos. Conta-se também a característica de Oxalufon em relação à teimosia.

Também como na maioria dos Itans que se referem à Ifá, revela a necessidade de seguir as determinações do Oráculo.

Ainda podemos notar a explicação da regência de Xango sobre a Justiça, como Ele carrega o peso da injustiça em suas costas fazendo com que nunca mais a cometa.

Esse Itan ainda pode explicar um dos Rituais realizados em casas de Candomblé. As Águas de Oxalá. Um ritual em que todos os adeptos da casa levam água até Oxalufon e essa festa conta essencialmente com a presença do Orixá Xango, entre outros.



Xeueu Baba!!!

Obá Kaô Kabiecile



Um Grande Axé!!!!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Homenagem a Iyemanjá

Olá!!!
Muitos comemoram hoje o dia de Iyemanjá, então presto homenagem a essa queridissíma Orixá.

Orixá que acredito ser o Orixá mais conhecido no Brasil. Com fundamentos importantíssimos com Ori torna-se imprecíndivel o seu culto. Além de ser a própria Essência Materna.

Salve Iyemanjá

Odôiya Iyaba Mi!

Nos traga a paz e o amor em nossas vidas, para que possamos continuar nossos caminhos. Cuide de nós como seus filhos.

Axé!!!

Para ler sobre Iyemanjá Clique Aqui!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Fantasia e Deturpação das Idéias

Por esses dias aconteceu algo comigo comum aos sacerdotes de cultos religiosos de matriz africana, mas decidi postar aqui no blog para que os leitores tivessem noção sobre a deturpação sobre as idéias no culto.


Estou no terreiro quase no início da gira, quando chega uma jovem querendo informações sobre os tipos de trabalho que realizamos. Quando perguntei qual era a intenção dela, ficou com certo receio em dizer. Logo tomou coragem e disse:

― Eu quero fazer um Pacto com o Diabo!!!

Quando terminou a frase eu quase caí na gargalhada. Ela ainda continuou:

― Quero ter dinheiro e um corpo bonito.

A maioria dos sacerdotes teria feito a jovem passar vergonha, outros teriam a convidado a se retirar. Mas como sempre fui paciente e expliquei.




Dentro do culto religioso de matriz africana NÃO EXISTE O DIABO. Essa forma ou entidade do mal é uma criação de outras religiões para ter o controle sobre a comunidade. Como a muito se diz que se você questionar ou praticar certas coisas, “queimará no fogo do inferno”. No culto aos Orixás isso não existe, a nossa religião não tem intenção de dominar a mente de seus adeptos e muito menos colocar a culpa de atos pavorosos praticados pelos homens em um demônio ou coisa do tipo. A maldade é algo que está no ser humano, em alguns há o cultivo desse sentimento em outros há uma contenção. Mas tudo depende do homem e não de uma entidade do mal.

É claro que existem espíritos que têm na sua essência a maldade e assim também a pratica, porém apesar da indução não comete um ato na matéria que a matéria também não induza.

Sendo assim coloque a culpa do ato em quem pratica o ato. A responsabilidade sobre os atos bons ou ruins é somente da pessoa que está realizando, pode até ser induzido por algum espírito mas acreditem no que falo, a indução depende da propensão da capacidade do homem e somente dele. Não é induzido a praticar o mal aquele que é bom. Por que isso? Porque depende da pessoa e não de uma entidade do mal. A própria maldade é que atrai a essência da maldade.

Aquele que procura o Diabo, Demônio ou coisa do tipo, não procure em um terreiro de Candomblé ou Umbanda ou qualquer religião de matriz africana, pois lá essa Fantasia Não Existe. Lá o Diabo não Existe!



Axé!!!

Indignação

Recebi um email do SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA referente à decisão da Ministra Dilma Rousseff em adiar o Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa. Decidi então expor esse email aqui no blog para que todos tenham acesso a essa informação.

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Procurado pelo repórter Lucas Maia do jornal “O Estado de São Paulo” para comentar sobre a polêmica decisão da ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, adiando o lançamento do Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa, Pai Ronaldo Linares expõe sua opinião:


Dilma contra a Umbanda

O jornal “O Estado de São Paulo” publicou no dia 21/01/2010 na página A4, uma manchete que dizia:

“DILMA ADIA LEGALIZAÇÃO DE TERREIROS DE UMBANDA PARA EVITAR UMA CRISE” e, como sub-título: ‘PLANO SERIA LANÇADO ONTEM, MAS FOI BARRADO POR RECEIO DE ATRITOS COM IGREJA CATÓLICA E EVANGÉLICOS NO ANO ELEITORAL“. E sob uma foto da ministra, a legenda: “EMPENHO - Desde o ano passado, Dilma tem feito esforços para se aproximar de católicos e evangélicos”.

No corpo da matéria vemos que a candidata à Presidência da República mandou a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial adiar o anúncio do Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa. O plano prevê ainda a legalização fundiária dos imóveis ocupados por Terreiros de Umbanda e Candomblé - além de até mesmo o tombamento de casas de culto - e seria lançado no dia anterior ao que se comemora o DIA NACIONAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA (22 de janeiro).

O ministro-chefe da Secretaria da Igualdade Racial, Edson Santos, teria afirmado que “o programa de promoção de políticas públicas para as comunidades tradicionais de Terreiros já estava adequado, mas, como é um plano de governo, precisa ser pactuado para não haver constrangimentos.” Afirma ainda o jornal, que o ministro Santos não escondeu a decepção com a ordem da ministra Dilma.

E mais adiante, o coordenador das reuniões realizadas para a confecção do plano, o sub-secretário de Políticas para as Comunidades Tradicionais, Alexandro Reis, tentou contornar o desapontamento geral afirmando: “A preocupação do governo é que determinados setores, por motivos eleitorais, utilizem o Pano de Proteção à Liberdade Religiosa como algo negativo”. Reis admitiu que o texto “precisa ser pactuado com evangélicos e católicos para não ser contaminado pelo ambiente político de 2.010”. Disse, no entanto, que os Terreiros não podem participar dessa briga.

Na mesma data (21/01/2010) fui procurado pelo repórter Lucas Maia do Estadão, que desejava saber qual a opinião da Umbanda sobre a reportagem publicada, sendo que nossa resposta foi publicada em 22/01/2010 (página A9). Na ocasião mencionei que repudiava o texto como uma violação à Constituição, que afirma: todos os brasileiros são iguais perante a lei. Então, para salvaguardar o direito de umbandistas e candomblecistas (e demais cultos de raízes africanas), é necessário o aval das igrejas evangélicas e católicas? E mais ainda, a declaração do sub-secretário Alexandro Reis de que Terreiros não podem participar dessa briga.

Se o assunto em pauta diz respeito aos nossos Templos de Umbanda ou Candomblé, porque é que não podemos participar dessa BRIGA? Como disse o sr. Reis, será que teremos que contratar como advogados de nossa causa os bispos evangélicos que nos demonizam e os padres católicos que nos desprezam?

Se a ministra, candidata à Presidente da República, antes mesmo da campanha já nos discrimina dessa forma, o que devemos esperar se for eleita?

Pergunto:

Onde fica a Constituição Brasileira?
Onde fica a inclusão social?
Onde fica a isonomia?
Onde fica o sacro-santo direito, que até ao mais cruel assassino, a lei assegura o direito de se defender?

Não nos é dado sequer o direito de participar da briga!
Não nos é permitido a defesa e, nem mesmo buscar como cidadãos que somos, o direito de professar em paz nossos ritos religiosos ao amparo da lei que, constitucionalmente, temos direito!

É preciso antes agradar padres e pastores?

Todos nós esperamos que o Presidente Lula, partindo de uma base tão humilde e, através dos trabalhadores, chegou a máxima magistratura brasileira, e que tanto se empenha na candidatura da ministra Dilma como sua sucessora, alerte a mesma sobre esse “tiro no pé”, essa humilhação com que o sub-secretário Reis afronta a comunidade afro-brasileira quando afirma que não devemos participar dessa briga e que o pacto com católicos e evangélicos é que evitarão a contaminação política.

Não somos vermes, bactérias ou micróbios políticos e se, o assunto em pauta nos diz respeito, TEMOS SIM TODO O DIREITO DE PARTICIPAR DESSA BRIGA!.

É dessa forma que comemoramos o DIA NACIONAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA?

É DESSA FORMA QUE A SECRETARIA DE PROMOÇÃO À IGUALDADE RACIAL PROMOVE A IGUALDADE RACIAL?

A propósito das igrejas que não devem ser melindradas, o mesmo jornal na mesma data (na página A23), traz a notícia de que o Papa Bento XVI convocou uma reunião do episcopado para tratar da proteção dada pela Igreja por 30 anos, a padres e bispos católicos pedófilos que violaram meninos na Irlanda e também menciona o fato de a Igreja Católica ter gasto US$ 615 milhões (equivalente a cerca de R$ 1,9 bilhão) com indenizações pagas às vítimas dos padres pedófilos nos Estados Unidos. Esta é a Igreja que não deve ser melindrada? Lembrando ainda que também não devem ser melindrados bispos e pastores envolvidos em mensalões (que a mídia mostrou rezando e agradecendo a Deus - ou ao Diabo) pelo sucesso das maracutaias que propiciaram dinheiro para encher meias, cuecas, etc. Estes também não devem ser melindrados?

Finalizando:

Ministra, nós também votamos.
Desculpe, mas nós também ficamos melindrados.

Babalaô Ronaldo Antonio Linares - irmão-presidente
da FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE “ABC”
mantenedora do SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

20 de Janeiro dia de Oxossi!!!



Dia 20 de janeiro foi comemorado dia do Orixá Oxossi. Orixá que concede a prosperidade, a conquista, a capacidade de seguir seu próprio caminho.


Fica aqui a homenagem a esse querido Orixá. Podem ler mais sobre esse Orixá clicando aqui!

Que Oxossi traga a todos os leitores, e a esse blog, muita prosperidade, muita destreza ao realizar o que é necessário para boa vida no Aiyê.

Que possam realizar tudo o que desejam com seu próprio esforço e virtude. E nunca se percam nesses caminhos.

“Eu vi Oxossi um dia
Sentado numa pedra fria

Eu vi Oxossi um dia
Sentado numa pedra fria

Ele cantava, Ele assoviava
E lá no céu, uma estrela brilhava

Ele cantava, Ele assoviava
E lá no céu, uma estrela brilhava”

Presto reverência ao Grande Orixá Oxossi!!!
Okê Aro!!!




Axé!!!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Erro na Visão e Conduta dos Adeptos

Venho observando já há algum tempo um erro na conduta e forma de ver a religião principalmente umbandista. Não digo erro porque sou o dono da verdade mas vão entender ao que me refiro.

Citei a Umbanda anteriormente porque acredito ser a religião que mais sofre com o assunto que vou me referir.

Dentro do ambiente religioso observei uma grande quantidade de adeptos que vêem a religião umbandista como uma troca de favores. Acredito que a Umbanda é maior vítima dessa conduta devido à menor exigência com seus adeptos em realizar obrigações, não digo na questão religiosa somente mas principalmente na responsabilidade de cada um dentro do culto. Claro que também vai depender de terreiro para terreiro.




Essa “troca de favores”que citei, me refiro à conduta de alguns adeptos dentro dos terreiros em freqüentar o ambiente religioso somente com o intuito de realizar consultas com guias sempre pedindo pela interseção em relação a quase tudo em sua vida. O que acontece é maios ou menos o que descrevo abaixo:

Uma pessoa passa por dificuldades em sua vida, acaba por participar de uma “gira”, algumas vezes levado por alguém. Assim, consultando com algum guia, expondo seus problemas e pedindo ajuda espiritual. Logo depois consegue a ajuda que pedira, então sente que é uma grande oportunidade para continuar bem e não voltar a ter os problemas que outrora a levou para o terreiro. A solução é participar da religião como um adepto, médium daquela casa, claro incentivada pela missão espiritual que têm e que foi avisada pelas entidades.

Então na grande euforia de participar de algo novo em sua vida, participa de todas as gira sem faltar. O problema é que a única coisa que lhe interessa é participar da gira e falar com aqueles guias evoluídos que passou a ter um contato mais íntimo. Então aquele apelo por ajuda espiritual que outrora fizera para tirá-la da dificuldade que estava passando, passou a ser constante. Constante não o problema mas o apelo, pedindo e pedindo quase em todas as giras por algo que acha que necessita. Essa pessoa não se interessa pelo aprendizado, ou pelo culto, ou qualquer coisa que a fará evoluir dentro da religião. E a incorporação que é somente 20% do culto se torna 100% dentro das casas.

O próprio adepto já não faz mas nada por ele, pela vida dele, somente pede e pede para as entidades e as enchem de presentes.




Nesse momento nem as entidades tem qualquer gosto nessas ajudas pois aquele que não luta por seus objetivos não merece obter-los. O adepto deve entender que precisa realizar diversas funções, obrigações e rituais para aprender muito sobre a vida e se cercar de boas essências a fim de ter uma boa vida no Aiyê(terra).

O adepto que não entende isso fatalmente chegará a uma grande decepção com a religião por passar por dificuldades sem que receba a devida orientação, e não vai enxergar que o problema não foi a religião e sim os seus próprios atos e condutas.

O terreiro de umbanda deve ser uma comunidade ainda que pequena mas onde o maior fundamento é a união dos filhos como se fosse uma grande família. Sempre lembrando que em toda a família existe desavenças porém, mesmo assim, todos sentam na mesma mesa para se alimentar e rezar juntos, deixando essa desavença para outra hora.



Um grande Axé para todos!!!!!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Orixá Yemanjá




Orixá extremamente importante por sua essência estar relacionada à calma e tranquilidade. Também relacionada com a essência materna, mas de maneira diferente da Iyaba Oxum porque Yemanjá é a mãe que cuida independente de ser seu filho ou não. É aquela que acolhe e que provém o que necessitamos. É mãe por natureza.


Devido a essa questão materna essa Iyaba também utiliza o Abebé como símbolo. O Abebé é um espelho de formato oval, oval para recriar o formato do útero. Espelho por estar ligado à beleza feminina.



Abebé

No Brasil é o Orixá mais conhecido e que adquiriu a referência de ser Rainha do Mar. Portanto é no mar ( no Brasil ) que muitas pessoas realizam entregas para essa Iyaba, extremamente relacionada ao “prover a vida”.

A maior importância de Yemanjá está na relação com o Ori de todos nós. Como já mencionei Ela rege a calma e tranqüilidade, o que é algo fundamental para o nosso Ori. Assim podemos adquirir o equilíbrio para ter uma boa vida no Ayê ( terra ). Então a Iyaba está muito presente no ritual do Bori, que se trata de um ritual de louvor à cabeça ( Ori ), onde o Ori é invocado e recebe o que “comer”. Essa relação é descrita em alguns Itans.

Por ter essência com a maternidade e a tranquilidade também está relaciona com problemas amorosos e depressivos, mas principalmente com a solução deles. O Amor é algo extremamente importante ao lidar com essa Orixá, porém se trata de um Amor calmo, muitas vezes, puro. Mas também nos problemas causado pelo mesmo Amor, como a dificuldade no relacionamento e a conseqüência que isso traz.

Voltando à questão materna é uma Orixá que pode ser muito bem invocada para pedir cuidados com crianças em relação a qualquer problema, trazendo a calma e tranquilidade em sua vida.

No oráculo de Ifá fala através do Odu Ossá Meji.

Sua cor é o azul mas pode-se usar o branco em determinados momentos.

Muitos comemoram seu dia em 02 de fevereiro.