Como sempre vou primeiro contar o Itan e depois fazer uma análise rápida.
Oxalufon queria visitar seu grande amigo Xango, foi então até Orunmilá e consultou o oráculo, consultou Ifá. As determinações de Ifá não foram muito boas, revelando a Orunmilá que a viagem de Oxalufon seria trágica. Orunmilá aconselhou que o Grande Orixá não realizasse a empreitada.
Porém Oxalufon não queria desistir, pois a teimosia é uma característica desse Orixá, então pediu ao Babalawo que consultasse Ifá a fim de que surgissem determinações do que fazer para que a viagem não fosse trágica como foi avisado. Então Orunmilá revelou que durante a viagem em hipótese alguma Ele deveria reclamar ou brigar e discutir com qualquer pessoa, não poderia reclamar de nenhuma situação, com a conseqüência de que perderia a vida. Ainda recomendou que levasse 3 trocas de roupas.
Assim partiu Oxalufon em sua empreitada a fim de visitar o reino de Xango. Em determinado momento encontrou um menino, que tentava levantar uma bacia com azeite de oliva até sua cabeça mas não conseguia. Nosso Orixá observando a dificuldade do menino se propôs a ajudá-lo, foi quando virou todo o conteúdo da bacia sobre sua roupa. Lembrando do conselho de Orunmila, mesmo muito irritado, Oxalufon não reclamou do acontecido. Como levava três trocas de roupas, foi se trocar e entregar como ebó a roupa manchada.
Continuando seu caminho encontrou mais duas vezes a mesma situação que passara, caindo sobre si azeite de dendê e depois carvão, porém em nenhuma das vezes reclamou ou brigou. O menino que causara a situação desagradável não era nada menos que Exu, que como sempre maquinava situações para perturbar a mesmice. Vendo que Oxalufon não reclamou em momento algum, perdeu a graça e desistiu de perturbar o Orixá do Branco.
Em fim chegou pelas terras de Xango, quando caminhava pode avistar o cavalo que outrora havia dado a seu amigo. Supondo que o animal havia fugido tratou de dominá-lo para levá-lo de volta ao Rei Xango. Enquanto cavalgava em direção ao reino pode ser avistado pelos guardas que estavam justamente procurando o cavalo. Quanto foi a surpresa de Oxalufon quando pode perceber que os guardas confundiram-no com um ladrão. Nosso querido Orixá foi espancado e preso nas terras de Xango. Isso sem que fizesse uma só reclamação, temendo sua própria vida devido à determinação de Ifá.
Xango nunca soube do acontecido, porém seu reino foi abatido por uma grande fome e doença, dizimando seu povo. Então Xango foi consultar Orunmila, foi consultar Ifá. Assim foi revelado que seu reino cometera uma grande injustiça a alguém muito importante que ainda se encontrava preso. Xango foi até o lugar onde Oxalufon estava, quando reconheceu seu grande amigo em estado deplorável. Então o Grande Rei determinou que Oxalufon fosse libertado. Que preparassem um banho e trouxessem roupas brancas como o algodão.
Então Xango carregou Oxalufon em suas próprias costas e determinou que todo o povo do reino deveria reverenciar o Grande Orixá do Branco. Assim foi desfeita a injustiça e a fome e a doença deixaram o reino.
Análise do Itan:
Esse itan traz características do Orixá Oxalufon, como o equilíbrio de lidar com situações muito complicadas sem causar qualquer confronto prejudicial. Isso é mostrado ao contar que esse Orixá não poderia reclamar dos acontecimentos. Conta-se também a característica de Oxalufon em relação à teimosia.
Também como na maioria dos Itans que se referem à Ifá, revela a necessidade de seguir as determinações do Oráculo.
Ainda podemos notar a explicação da regência de Xango sobre a Justiça, como Ele carrega o peso da injustiça em suas costas fazendo com que nunca mais a cometa.
Esse Itan ainda pode explicar um dos Rituais realizados em casas de Candomblé. As Águas de Oxalá. Um ritual em que todos os adeptos da casa levam água até Oxalufon e essa festa conta essencialmente com a presença do Orixá Xango, entre outros.
Xeueu Baba!!!
Obá Kaô Kabiecile
Um Grande Axé!!!!
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